Há quem considere essa isca ultrapassada, fora de moda, superada... Adjetivos não faltam para tentar desqualificá-la. E esse conceito não é emitido por iniciantes na pesca esportiva: é gente que sabe o que faz quando está no encalço dos blacks aqui pelos pampas.
Confesso a vocês que eu próprio poucas vezes usei as vibratórias rattlins, até um pouco influenciado por essa onda de descrédito em relação as mesmas. Sou mais uma vítima do "inconsciente coletivo".
Só que depois do que aconteceu no início do mês de junho deste ano, mudei radicalmente minha visão em relação a este artefato.
Era mais um dia de pesca na Fazenda Passo Alegre, pesqueiro conhecido e já bem batido por todos que gostam de se divertir pegando uns diabinhos verdes.
Como é de costume no inverno, a situação para pegar peixe estava difícil, aquele quadro que nós já conhecemos: frio, temperatura da água muito baixa, chuvisqueiro, neblina, pressão atmosférica baixa... E nada do peixe aparecer.
Eu, de um lado, utilizava iscas softs e hards para tentar tirar algum bocudo da água. Do outro lado estava o parceiro de pesca Leonel, um adepto fervoroso das iscas hards, em especial os plugs.
Em dado momento, o "professor", como costumamos chamá-lo, me mostrou a isca que utilizaria para tentar "desentocar"algum bocudo daquele pesqueiro: uma rattlin da rapala n°5, modelo RCW RED Crawdad. -
Vou tentar esta na taipa, eu nunca a usei... - disse ele esperançoso. -
O negócio é tentar tudo, quem sabe o senhor dá sorte...
E lá se foi o professor lentamente em direção à taipa.
Enquanto isso, eu continuava tentando fisgar algum bitelo com uma minhoca preta da marca Berkley, e que a meus olhos, parecia bem atraente. Tanto insisti que saiu o primeiro black do dia para mim, ferrado no No Sinker.
- Finalmente!!! - desabafei em voz alta, em meio ao silêncio do pesqueiro naquele dia.
Cheio de esperanças, continuei tentando com esta isca, mas bem a minha frente, lá na taipa, percebi que o Leonel começou a tirar uns exemplares da água.
Enquanto eu me dirigia em sua direção, curioso para saber que isca estava usando, ele já havia pego uns três bocudos.
- Será que é aquela Rattlin! - pensei na hora.
Era ela mesma.
- Olha só, seu Eurivan, parece que os peixes gostaram dessa isca...
- Opa, eu tenho uma dessas também, só que não é da mesma cor nem do mesmo tamanho. Vou buscá-la lá no carro.
Depois de abrir todas as minhas caixas plano, finalmente encontrei a minha rattlin, da mesma marca da do Leonel, só que de tamanho maior e cor diferente.
Já na beira da taipa fiz as primeiras tentativas, sem sucesso. Continuei insistindo, e nada... Tentei mais um pouco, variando velocidade, profundidade da isca...Nada.
- Não adianta Leonel, me empresta um pouco a tua pra ver se eu pego - disse eu um tanto chateado.
No segundo arremesso saiu o meu segundo peixe do dia...
- Só pega com a do senhor... - comentei
- Deve ser a cor e o tamanho
- Vou ter que providenciar uma destas para a minha caixa - comentei resignado.
Para concluir a história, no final da pescaria o Leonel pegou 10 peixes, tendo perdido uns três no meio do caminho.
Peguei somente três, mas se eu tivesse "aquela rattlin", com certeza, o desfecho seria bem diferente.